sexta-feira, 31 de julho de 2009

Reforçador e Aversivo

Reforçador e Aversivo

Muitas pessoas aprendem a se perder na realidade que não as pertence. O trabalho que não se identifica, os amigos que não gosta, o lazer que não te satisfaz. Talvez esses problemas não cheguem a ser insuportáveis, mas agradável ou motivador chega a ser quase um sonho. Afinal, ninguém é feliz o tempo todo e se acostumar a situações complicadas faz parte da vida.
E se, ao parássemos para pensar, existisse um costume maior nosso de nos esquivar ou tentar nos habituar a situações desagradáveis do que propriamente identificá-las e tentar mudá-las? Não que não tenhamos situações prazerosas, mas a quantidade de vezes que nos preocupamos em nos esquivar de coisas ruins são maiores do que a do sentimento de bem estar?

Provavelmente já passamos por momentos assim e, quem sabe, vivemos assim. Faço o que as pessoas querem para não ter que lidar com queixas, omito minha opinião para que não haja confusão, me comporto assim ou assado com medo de ser julgado, etc. A sensação de vazio começa a fazer parte de nós e, vez ou outra, nos incomoda.

Ainda bem que incomoda! Viver do modo exemplificado acima é ter os comportamentos controlados por estímulos aversivos (ruins). Quando a quantidade de situações aversivas supera a quantidade de situações que nos fazem bem (reforçadoras), a sensação de vazio ou de incompletude começa naturalmente a fazer parte de nós. É só perceber aquelas pessoas que se queixam ou são mais pessimistas em relação aos diversos acontecimentos da vida, e que não percebem o quanto são acostumadas a se comportar para fugir de estímulos aversivos. E quando a tentativa de fuga do aversivo não funciona - mesmo com a tentativa do indivíduo - a raiva ou desânimo crescem ainda mais.

Até agora, nenhuma grande novidade, mas porque ao final desse texto provavelmente voltemos a nos comportar do mesmo jeito que nos traz incômodo?

Em muitas situações que vivenciamos estímulos aversivos esperamos algo de reforçador acontecer. Agüentamos aos trancos e barrancos condições ruins porque a gente acredita que algo pode mudar. Quanto maior e mais imprevisível é o intervalo do que nos é reforçador ocorre, mais esperamos ser reforçados e mais difícil abrir mão do comportamento em questão. A menina está decidida em acabar o namoro porque já não suporta mais os problemas, mas por causa de um momento de reconhecimento do homem em relação a ela (reforçador), ela muda de idéia. A menina não esperava que isso fosse ocorrer, e há muito tempo isso não ocorria – o que ocasiona dificuldade em acabar o relacionamento.

Sem mais teoria, pense agora como isso pode estar ocorrendo hoje em muitas outras situações. Tanto a fuga dos estímulos aversivos e o reforço demorado dificultam a mudança no nosso comportamento. A insatisfação toma conta do indivíduo e, sem perceber, a sua forma de ser vai se direcionando à esquiva ou à espera de um reforçador que raramente acontece. Pior ainda se as condições reforçadoras se resumirem a poucas situações na vida. O indivíduo começa a depender que elas aconteçam para se sentir feliz.

Identificar o que é reforçador para você e a partir daí buscar várias situações que isso possa ocorrer, é um passo importante para que o indivíduo experimente satisfação emocional com mais freqüência. Por exemplo, se buscamos ser reconhecidos ou valorizados será que criamos muitas situações para que isso possa ocorrer ou nos limitamos a uma pessoa específica? São muitos os lugares que nos sentimos bem com nós mesmos ou dependemos de muitas variáveis para nos sentirmos felizes? Como diria o velho ditado popular: “a felicidade está nas [várias] pequenas coisas”. O fundamental é que saibamos nos deparar, através das pequenas coisas, algo que seja reforçador para a vida.